Mesmo registrando avanços significativos na formação educacional do brasileiro - especialmente em razão da inclusão de grandes contingentes de jovens no ensino superior devido ao crescimento da oferta de vagas e pela consolidação de programas oficiais que concedem bolsas de estudos em instituições de ensino particulares -, sabemos que a procura por mão de obra qualificada tem sido maior do que a oferta de pessoal adequadamente capacitado para as exigências do mercado de trabalho.
É fácil perceber, portanto, que os talentos disponíveis são, a cada momento, mais e mais valorizados. A disputa pelos profissionais qualificados torna-se acirrada, e as armas utilizadas pelos agentes do mercado para atraí-los têm cada vez mais apelo e potencial de sedução.
Torna-se claro que as corporações têm de se manter atentas para não perder para o mercado os talentos existentes em seus quadros. Conhecemos o alto custo que representa a preparação, formação, capacitação e adequação de um funcionário às características e necessidades de cada atividade. A perda para o mercado (muitas vezes para a própria concorrência) de um talento já formado e adaptado às rotinas de uma empresa, órgão ou entidade equivale ao desperdício de vultosos recursos investidos na preparação daquele profissional e, também, à necessidade de dispêndio de mais tempo e dinheiro na descoberta, contratação e adequação de seu substituto.
Desta forma, reter os profissionais talentosos torna-se um grande desafio. Para encará-lo, é preciso atenção, conhecimento, comunicação e investimento. Primeiramente, o empregador e seus gestores devem estar atentos e conhecer bem os anseios, as necessidades e as ambições de seus colaboradores para traçar um perfil bem definido que sirva como referência para o desenvolvimento da carreira de cada talento. Manter uma comunicação eficiente, que integre de fato todos os níveis de gestão da corporação, é essencial para evitar surpresas em razão de possíveis descontentamentos ou desentendimentos. Com informações e o conhecimento em mãos, é possível traçar estratégias de gestão de pessoal que valorizem de fato os melhores talentos, com a oferta de capacitação, treinamento e formação constantes e de perspectivas de ascensão profissional, aliada a políticas de incentivo e concessão de benefícios atrativos. Construir, oferecer e valorizar um ambiente de trabalho saudável, adequado e estimulante é, ao final, a \"cereja do bolo\" para reter os melhores profissionais.
Empresas, órgãos ou entidades precisam estar atentos aos movimentos do mercado de trabalho para evitar surpresas inesperadas, como a perda de profissionais não plenamente contentes ou que venham a receber propostas mais atraentes. Enquanto nosso País não tiver capacidade de equalizar adequadamente as necessidades de formação de profissionais qualificados, a balança entre a oferta e a procura de talentos seguirá desequilibrada. Por isso, manter os bons profissionais é uma atitude que deve ser efetivamente valorizada pelas corporações.
Autor: Marcelo Gonçalves, sócio-diretor da BDO.
Fonte: Economia SC
Reter talentos é um desafio significativo para as empresas
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