Para aqueles que acreditam na máxima "amigos, amigos, negócios à parte", misturar trabalho com relacionamentos interpessoais pode parecer arriscado. No entanto, esta não é uma regra universal. O sucesso de empresas como Google, Microsoft e Apple, todas fundadas por amigos, prova que é possível unir amizade e empreendedorismo. Embora a criação de empresas com amigos ofereça vantagens, como compreensão mútua e interesses alinhados, é essencial estabelecer claramente as responsabilidades de cada sócio desde o início, para garantir a sobrevivência do negócio e preservar a amizade.
Com essa perspectiva em mente, compartilhamos 6 histórias inspiradoras de empresas de diversos segmentos que nasceram da amizade e se tornaram cases de sucesso.
Agência Koko
Originária de um projeto concebido durante a graduação na empresa júnior do CEFET/RJ, a Agência Koko, fundada pelos cariocas Hector Muniz e Murilo Souza, floresceu de uma microempresa com apenas dois colaboradores para uma potência reconhecida como a 3ª empresa mais engajada em seu setor no país. Iniciando com um faturamento modesto de R$12 mil no primeiro ano, hoje ostenta um time de mais de 40 colaboradores e um lucro anual de R$3.8 milhões. Impulsionados pelo desejo empreendedor cultivado desde os tempos universitários, os fundadores, Hector e Muniz, expandiram os serviços da agência, passando de simples design gráfico para uma gama abrangente que inclui produção de conteúdo, mídias sociais e publicidade digital, além de cursos profissionalizantes. A inclusão de Gabriel Dias como sócio em 2017 proporcionou uma visão estratégica fundamental para o crescimento exponencial do negócio. Superando desafios iniciais de espaço físico, hoje a Agência Koko desfruta de um escritório próprio em São Cristóvão. Com foco não apenas nos negócios, mas também na responsabilidade social, a empresa visa fechar 2024 com um faturamento de R$7 milhões, consolidando-se como referência no mercado, especialmente na indústria farmacêutica.
“Empreender com amigos pode ser desafiador, mas extremamente gratificante. Administramos a Koko juntos há 9 anos, dividindo riscos e responsabilidades. Saber separar o lado profissional do pessoal é crucial, assim como ter um bom contrato social para lidar com decisões difíceis. Apesar dos desafios, acreditamos que a confiança mútua e o objetivo em comum fortalecem a amizade e garantem o sucesso da sociedade”, afirma Murilo Souza.
Jalapeño
Pensando no crescimento do negócio a médio e longo prazo, os amigos Lucas Brouck, Gustavo Romano e Flávio Bittencourt toparam o desafio de migrar o negócio para o físico. A 1ª loja da Jalapeño foi inaugurada em 2022, na Taquara, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Com investimento inicial de R$70 mil, o espaço de 32m² já foi idealizado de olho em uma futura expansão pelo formato de franquias. Não à toa, a loja foi projetada para ser enxuta e com foco no delivery e no autoatendimento, para redução de custos de futuros franqueados com obra e equipe. A loja, que começou faturando R$56 mil/mês, hoje fatura R$100mil/mês e o objetivo de entrar no sistema de franchising passou a se tornar realidade no mês de fevereiro de 2024. Isso porque a Jalapeño acaba de finalizar a sua formatação de franquia e já conta com planos de expansão pela cidade. Com o objetivo de abrir 5 lojas pela cidade em 2024 e 50 nos próximos 5 anos, além de conquistar novos espaços no Rio.
“Hoje divido a Jalapeño com o Flávio e o Gustavo, mas falando em ter um negócio com amigos, pra mim sempre foi muito bom. Todo mundo dizia que a sociedade vira um problema, que a sociedade entre amigos é algo ruim. Eu não passei por isso, muito pelo contrário, meus sócios são meus amigos e isso é muito legal, a nossa conversa sempre foi muito aberta. Lá no início a coisa toda não era muito profissional, até porque eu também não tinha um perfil empreendedor, meus sócios também não, foi um baita aprendizado pra gente. Eu acredito que o segredo da nossa sociedade, independente de sermos amigos ou não, sempre foi a questão da conversa aberta na hora das decisões, nessas horas conversamos como sócios e não como amigos, sabemos separar muito bem essa questão”, comenta Lucas Brouck sócio fundador da Jalapeño comida mexicana.
Grupo CONAES Brasil
O projeto teve início em 2016, com João Paulo Cristofolo, então estudante de medicina, que passou a gravar e comercializar os Congressos e Simpósios de medicina, por um valor acessível de R$19,00. A ideia foi atender às necessidades de outros estudantes na área, que assim como ele não tinha condições financeiras de ir a todos os eventos. João conheceu Arthur Melo, através de uma colega de faculdade. Logo perceberam que havia uma sinergia entre os dois. Arthur se juntou à empreitada de João, em 2022. Juntos estruturaram a empresa e saíram do universo de 15 alunos para mais de 23 mil estudantes. Com o crescimento da empresa, João e Arthur se tornaram amigos. O negócio deu lugar a amizade. O grupo Conaes faturou o seu primeiro R$1 MM, em 2023. Para 2024 os planos ainda são mais audaciosos, com a meta de alcançar a marca dos R$10MM. Já que no primeiro trimestre de 2024, o grupo, que possui uma grade de especializações médicas em diversas áreas, garantiu um faturamento de R$400 mil com o modelo educacional que ensina médicos a prescreverem receitas com canabidiol (CBD), visto que as faculdades de medicina no Brasil não contemplam matérias voltadas para o estudo do sistema endocanabinóide e uso de cannabis medicinal em sua grade curricular básica.
"A confiança mútua e a compreensão que desenvolvemos ao longo do tempo se tornaram nossos maiores ativos. Descobrimos que a principal vantagem dessa união é a garantia reconfortante de que não estamos sozinhos. Conseguimos equilibrar o encorajamento mútuo com a responsabilidade compartilhada, estabelecendo um ciclo de apoio que nos permite não apenas superar os desafios, mas também maximizar as oportunidades de crescimento. Essa dinâmica nos assegura que, mesmo nos momentos de maior exigência, mantemos a visão de longo prazo e preservamos a saúde da nossa parceria e da amizade que floresceu onde menos esperávamos", afirma João Paulo Cristofolo.
Sushiloko
Aos 22 anos de idade, Fábio Bindes ingressou no mundo do franchising como franqueado de uma marca multinacional de sanduíches. Apaixonado pelo conceito de um negócio formatado e com padrão pré-estabelecido, ele passou a idealizar uma marca própria para desbravar o setor de franquias. Naquela época, existiam poucas redes de comida japonesa no país e quase nenhuma delas apostava em Brasília como destino. Por isso, em 2007, ele e seu sócio Lucas Espíndola abriram o 1° quiosque da Sushiloko, no Shopping Deck Norte. Dois anos depois, Fábio abriu a sua 2ª loja, dessa vez no Shopping Deck Sul, também no DF, operação que também ganhou graças dos brasilienses. Com duas unidades validadas nos últimos anos, a marca deu início ao seu processo de expansão por meio de franquias, em 2010. Hoje, 14 anos após ingressar, a rede conta com 44 restaurantes espalhados por quatro estados brasileiros, sendo 23 no Distrito Federal, 13 em Goiás, cinco em Minas Gerais, uma no Mato Grosso, uma em São Paulo e uma na Paraíba. Com faturamento de R$55 milhões em 2022, a rede Sushiloko fechou esse 2023 com a soma de R$72 milhões.
“Ter um amigo como parceiro tem vários benefícios, a gente divide as responsabilidades: Empreender é dureza, mas com um parceiro do lado fica mais fácil. Dá pra dividir os problemas e quando a coisa tá difícil, é bom ter alguém pra desabafar e buscar soluções juntos. A gente se conhece bem, como somos amigos há anos, já sabemos como o outro pensa e age, o que facilita o trabalho, mas nem tudo são flores, os dois precisam estar comprometidos, se um dos dois não se dedicar, o negócio pode sofrer. Nem sempre vamos concordar em tudo e isso é normal, mas precisamos saber discutir de forma civilizada. Ao longo desses 17 anos, meu amigo e eu aprendemos muito sobre como ser sócios e amigos. O segredo é se comunicar abertamente, ter respeito um pelo outro e colocar o negócio em primeiro lugar” declara Fábio Bindes.
SMART LEILÕES
Fundada em 2020, a Smart Leilões é uma escola digital especializada em leilões de imóveis pelo Brasil. Após três anos investindo no ramo, os três amigos e sócios - Pedro Gomide, Pierre Henriques e Renan Lopes - decidiram ensinar de maneira eficaz e segura seus próprios métodos para conseguir altas rentabilidades em curto período com esse investimento. Hoje, com quatro anos de vida, o negócio se tornou a maior referência do mercado no Brasil - os sócios contabilizam mais de 3 mil alunos em todo o país, bateram a marca de mais de R$ 100 milhões em arremates somente no ano de 2023 e lançaram o primeiro fundo imobiliário democrático do Brasil. Para 2024, eles prospectam atingir a meta de R$250 milhões investidos em leilões de imóveis.
“A grande vantagem de investir com amigos é psicológica. Nessa jornada enfrentamos momentos bons e ruins e ter amigos junto nessa faz ajuda a manter a constância. Um ajuda o outro emocionalmente e a empresa segue caminhando apesar do que a pessoa está vivendo no momento pessoal dela, pois o outro está ali para segurar as pontas. O cuidado que deve ter, e isso vale para qualquer empreendedorismo, não somente para amigos, é para manter uma relação saudável, harmônica e que, de fato, não impacte nos negócios”, explica Renan Lopes, sócio fundador da Smart Leilões.
YES! IDIOMAS
A YES! Idiomas, rede de ensino de idiomas com mais de 50 anos de história, tem 195 escolas em pleno funcionamento em diversos estados do Brasil. Com faturamento anual de R$97 milhões, a franqueadora comandada por Clodoaldo Nascimento cresceu 12% em 2023 e prospecta crescer 20% em 2024. Dentro da história de sucesso da YES! Idiomas, existem diversas sociedades entre amigos que, juntos, fazem o negócio caminhar saudável e alavancam o poder da marca como um todo. É o caso dos amigos e sócios Eduardo Monteiro Mercaldo e Leonardo Coutinho Vieira, que investiram recentemente em uma nova franquia da rede.
“Já existe uma relação entre eu e o Leonardo há 30 anos e existe muito respeito mútuo. A gente tem um combinado entre as partes, sobre tudo, antes de a gente resolver empreender juntos. Então é muito simples, basta a gente ser franco, ter um bom senso de não querer para o outro o que você não gostaria que fizesse com você e essa relação respeitosa faz com que dê tudo certo. Acho muito simples, não vejo nenhum tipo de problema não. A gente conhece as qualidades, defeitos, características de cada um, então torna tudo mais simples, mais fácil” comenta Eduardo Monteiro.
_________________________________________Fonte: Broto Comunicação
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