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Sustentabilidade faz parte do negócio


A consciência em torno da importância da responsabilidade socioambiental vem crescendo em todo o mundo, particularmente, no Brasil. Nunca se falou tanto em desenvolvimento sustentável / sustentabilidade, aquecimento global e outros temas fundamentais para a perenidade do planeta e das futuras gerações.
O grande desafio do desenvolvimento sustentável está em permitir a expansão econômica, sem descuidar, no entanto, da conservação do meio ambiente e das questões sociais. Portanto, o conceito de sustentabilidade inclui a utilização de recursos com caráter de perpetuação, abrangendo o econômico, o social e o ecológico, tripé que os ingleses denominam “The Triple Bottom Line”, expressão utilizada para refletir todo um conjunto de valores, objetivos e processos que uma empresa deve focar, com o objetivo de criar valor econômico, social e ambiental e, por meio desse conjunto, minimizar qualquer dano resultante de sua atuação.
Assim como boa parte da literatura de sustentabilidade, este é um termo ainda em construção, não só no Brasil como no mundo. Por ser uma expressão idiomática, não existe ainda tradução adequada para "The Triple Bottom Line". Na maioria das vezes, o conceito continua sendo utilizado em inglês ou abordado como "tripolaridade", segundo Fernando Almeida, autor do livro "O Bom Negócio da Sustentabilidade".
Há cerca de 20 anos, nascia no mundo o conceito de sustentabilidade. E há dez, ele ganhou uma base concreta no Brasil, com a criação do CEBDS - Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável. Esse Conselho representa grupos empresariais expressivos no País e lideram um processo de mudança do atual modelo econômico e da maneira de fazer negócios.
Conceitualmente, sustentabilidade pode ser entendida como a propriedade de um processo que, além de continuar existindo no tempo, revela-se capaz de manter padrão positivo de qualidade; apresentar, no menor espaço de tempo possível, autonomia de manutenção; pertencer, simbioticamente, a uma rede de coadjuvantes também sustentáveis e, por fim, promover a dissipação de estratégias e resultados, em detrimento de qualquer tipo de concentração e/ou centralidade, tendo em vista a harmonia das relações sociais.
A definição mais difundida, contudo, é a da ONU - Organização das Nações Unidas, que define sustentabilidade como “o atendimento das necessidades das gerações atuais, sem comprometer a possibilidade de satisfação das necessidades das gerações futuras" (ONU, Brundtland Comission, na publicação "Our Common Future", Oxford University Press, 1987, p. 43).
Independente de definições, o fato é que o caminho da responsabilidade socioambiental aponta para um cenário no qual os resultados e benefícios obtidos são compartilhados pelas empresas, pelo conjunto de parceiros envolvidos em seus negócios, pelas comunidades onde atuam e pela sociedade em que estão inseridas, pois já foi o tempo em que a economia, o lucro e os negócios eram colocados acima de qualquer outro interesse e à custa de prejuízo para a natureza ou para a sociedade. Hoje, há consenso que, para a sobrevivência dos empreendimentos, da sociedade e do planeta, é preciso haver um equilíbrio entre os pilares social, ambiental e econômico.
A preservação da qualidade de sistemas ecológicos, a necessidade de crescimento econômico para atender as necessidades sociais e a possibilidade de todos compartilharem as conquistas são aspectos fundamentais para a construção de políticas de desenvolvimento sustentável.
Entretanto, é importante frisar que o desenvolvimento social e sustentável só pode ser alcançado quando for economicamente viável, do contrário, não será sustentável. É impossível pensar em conservação do ambiente sem viabilidade econômica e inclusão social. Não se pode ir à uma comunidade para realizar um trabalho social sem ter soluções econômicas. Educação, saúde, sustentabilidade e empregabilidade devem ser trabalhadas juntas, e não de forma desagregada.

Atualmente, muitas empresas têm dificuldades para aliar desenvolvimento sustentável com a manutenção do lucro, permitindo que um afete o desempenho do outro. Ganhar dinheiro sem sustentabilidade não é negócio. Portanto, sustentabilidade não é um movimento assistencialista nem uma ação de cunho social. Se a empresa não tiver lucro com essa iniciativa, não adianta fazer, uma vez que o pressuposto básico é que para uma organização se sustentar é preciso que ela dê resultado.
Para ser sustentável, uma empresa deve perseguir em suas decisões, de modo contínuo, a chamada ecoeficiência que, de acordo com a definição do WBCSD - Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável, é uma estratégia de gerenciamento que cria maior valor com menos impacto, menor poluição e com menor utilização de recursos ambientais. Em outras palavras, a possibilidade de produzir mais e melhor seus bens e serviços, com menos poluição e menos uso de recursos naturais.
A ecoeficiência é, portanto, uma espécie de responsabilidade ambiental corporativa. Dessa forma, toda empresa que pretenda abraçar e traduzir esse conceito em ações, deve também intensificar a reciclagem de materiais e prolongar a durabilidade de seus produtos, buscando a excelência ambiental.
Um dos principais focos da sustentabilidade é o uso de energia renovável. Alternativas não faltam, como por exemplo, a adoção de gás natural, a instalação de pequenas centrais hidrelétricas que causam menos impacto ao meio ambiente e o uso de biomassa como o bagaço de cana de açúcar.
A redução no consumo de energia é outra prioridade para um programa de sustentabilidade. A iluminação natural é um aspecto que está sendo priorizado, cada vez mais, nas novas construções, pois é capaz de proporcionar uma economia razoável no consumo de energia.  Outra preocupação das empresas é o uso de um novo tipo de ar condicionado que não contenha gás à base de CFC (cloro-fluor-carbono) que prejudica a camada de ozônio. 
Deve valer-se, igualmente, das técnicas avançadas para conhecer bem seu público consumidor e as suas necessidades. Assim, poderá produzir na medida certa, reduzindo desperdícios. Mas é fundamental que a alta direção da empresa esteja à frente desse movimento e, com isso, seja capaz de conscientizar não apenas os colaboradores, mas também seus fornecedores e seus clientes.

Sobre o Autor:
Fernando Credidio é conferencista, facilitador de cursos em organizações, professor, articulista e consultor de comunicação organizacional e marketing para o terceiro setor, sustentabilidade e responsabilidade socioambiental.

Fonte: Portal Eco Terra Brasil - www.ecoterrabrasil.com.br 
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