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Depressão: uma doença do cérebro


Por Fernanda Machado

“Uma existência nua, exposta à dor, atormentada pela luz, ferida por todo som”
Hugo von Hofmannsthal
(1874-1929)

A depressão é um quadro clínico preciso, de causa multifatorial que inclui um desequilíbrio bioquímico envolvendo neurotransmissores como serotonina e noradrenalina. Segundo a OMS em mais ou menos 15 anos será a 2º maior causa de comprometimento funcional. Entende-se por funcionalidade atividades como trabalhar, estudar, cuidar da higiene pessoal, contas, atividades domésticas e etc.

A tristeza e a melancolia parecem ser inerentes à nossa existência e mesmo à nossa dinâmica psíquica, entretanto não podemos correr o risco de perder as fronteiras entre a dor de existir, em alguns momentos de nossas vidas, e os estados depressivos, que tendem a nos lançar no profundo da solidão e na negatividade irremediável da vida.

Na depressão há sintomas claros como falta de perspectiva, perda de interesse em atividades antes prazerosas, incapacidade de sentir prazer (anedonia), negatividade ante ao mundo, ao futuro e a si mesmo, além de diminuição da libido, facilidade em fatigar-se, alterações cognitivas como pior rendimento da atenção, memória, tomada de decisão, raciocínio lógico e flexibilidade mental, assim como alterações no sono, isolamento social, alterações psicomotoras, perda de energia e vitalidade generalizada (astenia).

Há também sintomas não tão claros como incertezas, culpa, exclusão, sentimento de inferioridade, sensação de angústia e confusão no momento da organização dos pensamentos, sensação de impotência e derrota associados ao medo, com intensidades distintas que causam a sensação da perda de controle da própria vida.

A percepção do tempo do EU parece ser diferente do tempo do mundo, em que parece que a pessoa está presa em um passado cinzento sem perspectivas para o futuro, ou seja, é o passado que alimenta o presente vazio e angustiante, é como se a pessoa com depressão carregasse o próprio corpo, um corpo carregado e lento, encarcerado dentro dos próprios limites com a sensação de perda dos próprios valores existenciais.

Sabemos que o cérebro é um órgão que sofre neuroplasticidade, sendo assim permeável aos estímulos e por isso passível de modificações em sua estrutura e funcionamento, tanto de forma negativa quanto positiva. Saber que esse órgão de tamanha nobreza é mutável e se ressente de experiências negativas é saber também que é transformado por experiências positivas, tais como a Terapia Cognitivo Comportamental e suas técnicas, exercícios físicos, alimentação saudável, a convivência em comunidades de amigos / familiares e etc.

O tratamento da depressão é transdisciplinar, portanto pode envolver profissionais da área da psicologia (Terapia Cognitivo Comportamental), Psiquiatria, Terapia Ocupacional e/ou Acompanhante terapêutico, que juntos definirão estratégias e um plano de tratamento junto ao cliente possibilitando melhora no funcionamento biológico do cérebro com as medicações, transformação da percepção associada ao comportamento, construção da rotina e hábitos para um novo conceito de cotidiano entre outros benefícios.

A depressão é uma doença que leva diversas pessoas no mundo a cometer suicídio, é grave e merece atenção tanto quanto as doenças cancerígenas, portanto o primeiro passo será sempre pedir ajuda, profissionais bem capacitados podem salvar vidas, mas nós só salvamos aqueles que chegam até nós.

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Autora: Fernanda Machado Psicóloga e Neuropsicóloga Clínica - www.fernandamachado.psc.br
Fonte e foto: Assessoria de Imprensa

Imagem: Małgorzata Tomczak por Pixabay
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